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18/1/24

2024: ano de eleições convoca metade da população global às urnas

Por

Michele Loureiro

Metade da população global participará de eleições em 2024. Cerca de 80 países têm pleitos previstos, em esfera municipal, estadual e federal. Os processos envolverão cerca de 4 bilhões de pessoas, de acordo com a organização americana Council on Foreign Relations, voltada para política externa e assuntos internacionais.

Oito dos dez países mais populosos do mundo realizarão eleições em 2024: Bangladesh, Brasil, Índia, Indonésia, México, Paquistão, Rússia e Estados Unidos. As 27 nações da União Europeia também escolherão seus novos representantes no Parlamento Europeu em junho.

Há ainda nações menores, mas que estão no centro de crises, como Taiwan e Venezuela, e eleições consideradas meramente encenações de regimes autocráticos, como Rússia, Belarus, Ruanda e Irã, onde a oposição foi sufocada ou não tem chance de disputar pleitos livres. Outras eleições, como no Paquistão, Indonésia e Bangladesh também vão envolver centenas de milhões de eleitores. No continente africano haverá eleições em potências como a África do Sul, e no país mais pobre do mundo, o Sudão do Sul. Por aqui, na América Latina, eleitores vão escolher os novos governos de El Salvador, México, Uruguai e Panamá. Já o Brasil será palco de eleições municipais.

Potências, guerra e testes

Entre as eleições, a maior expectativa está voltada para os Estados Unidos. A maior potência global escolherá seu presidente em 5 de novembro, além de eleger um terço dos membros do Senado e todos os integrantes da Câmara dos Deputados. A agenda política será cheia, uma vez que os partidos Republicano e Democrata ainda realizarão suas primárias. Tudo indica que a corrida presidencial será uma reprise de 2020, com Joe Biden enfrentando Donald Trump.

Biden quer um segundo mandato e, se eleito, terminará o período com 86 anos. Já Trump, se sair vencedor, igual o feito de Grover Cleveland, será o único presidente americano a cumprir dois mandatos não consecutivos. O fato é que a escolha causará forte impacto no mundo, principalmente, na economia e política globais. Há dúvidas sobre como a inflação norte-americana, com a consequente manutenção ou não do atual nível elevado de juros por lá, impactará o nosso nível de juros por aqui.

Do outro lado do mundo, em março, é a vez dos russos irem às urnas. A vitória de Vladimir Putin é vista por muitos como praticamente certa. Ele está no poder há mais de 20 anos e, segundo seu governo, vai se reeleger porque conta com apoio majoritário no país. O embate político ganha ainda mais destaque por conta da guerra com a Ucrânia. Organizações de direitos humanos e adversários políticos denunciam que qualquer tipo de oposição genuína é barrada no país e o clima de tensão deve prevalecer nos próximos meses.

A previsão era que a Ucrânia também elegesse seu novo presidente em março de 2024, mas há um debate sobre realizar ou não o pleito em meio a uma guerra. Todas as eleições – incluindo as presidenciais –foram proibidas pela lei marcial em vigor no país, imposta depois da invasão da Rússia em fevereiro de 2022. Ao que tudo indica, as eleições nos dois países não devem impactar os rumos da guerra e dos desdobramentos que ela causa por lá e no mundo.

Enquanto isso, na Índia, a maior democracia do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes e cerca de 900 milhões de eleitores, as eleições acontecem entre abril e maio em um pleito que está sendo visto como um teste para a popularidade do primeiro-ministro Narendra Modi, que busca mais um mandato. Ao que tudo indica ele sairá vencedor com a proposta de mistura de expansão do estado de bem-estar social, obras de infraestrutura e discurso ultranacionalista, além de ter ajudado a projetar ainda mais a Índia geopoliticamente. Modi chega como o favorito e exibindo um índice de aprovação superior a 70%, deixando pouco espaço para a oposição, que formou uma coligação de mais de 20 partidos para tentar enfrentar o premiê.

Na Europa, importante centro que também dita tendências e rumos da economia global, será a primeira eleição para o Europarlamento desde a saída definitiva do Reino Unido da União Europeia. Um dos pontos a serem observados na eleição é se políticos populistas de direita ou de ultradireita ganharão mais espaço no Parlamento da UE, como aconteceu recentemente em algumas eleições parlamentares nacionais, como na Holanda. O próximo Europarlamento terá a tarefa de debater e regular o Acordo Verde Europeu – o plano da UE para se tornar o primeiro continente com impacto neutro no clima até 2050.

Eleições municipais podem ser polarizadas

O Brasil também está na lista com as eleições municipais para definir prefeitos e vereadores. O primeiro turno está marcado para 6 de outubro e, apesar de não se tratar de uma eleição geral, cerca de 150milhões de brasileiros devem estar aptos a votar.

As eleições podem ser uma espécie de terceiro turno das presidenciais de 2022, quando o atual mandatário Luiz Inácio Lula da Silva derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro. "Eu não sei se essa eleição será municipalizada, estadualizada ou nacionalizada. Eu, sinceramente, acho que nessa eleição, vai acontecer um fenômeno: vai ser outra vez Lula e Bolsonaro", disse Lula em uma conferência eleitoral do PT em dezembro.

Analistas dizem que, apesar da polarização persistir no Brasil, questões locais tendem a ser bastante significativas nessas eleições, especialmente nos municípios menores.

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