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12/8/20

Selic a 2%: uma nova era para a economia brasileira à vista

Por

Michele Loureiro

"Nono corte consecutivo da taxa básica de juros só deve ter efeito prático em 2021.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira de 2,25% para 2%. Esse foi o nono corte seguido na Selic e deve contribuir para a retomada da economia.

Segundo Fernanda Consorte, economista-chefe do Ouribank, a taxa consolida o começo de uma nova era na economia do País. “O mundo de taxa de juros alta no Brasil aparentemente chegou ao fim. Estamos em um momento que requer muito estímulo monetário e fiscal, justamente, para apaziguar esses efeitos da crise do coronavírus”, diz.

Fernanda explica que os impactos da nova Selic não acontecem como um passe de mágica. “Normalmente, leva em média nove meses para a taxa básica de juros fazer efeito na economia. O que estamos sentindo atualmente já é resultado dessa política de cortes começada em 2019”, diz.

Os impactos da taxa de juros atual devem começar a surtir efeito prático em meados de 2021, mas a Selic, por si só, não será capaz de responder pelo estímulo necessário para impulsionar a retomada. “Estamos passando pela maior crise econômica que já enfrentamos, por conta do coronavírus. Por isso, além de estímulo monetário, ainda teremos necessidade de estímulos fiscais, que já estão acontecendo”, explica Fernanda.

A taxa básica de juros é um indicador importante para balizar a economia no quesito de estímulo à concessão de crédito com juros menores, por exemplo. Isso, consequentemente, acaba fazendo a roda da economia girar. Porém, o cenário inóspito ainda requer muita cautela.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é um importante termômetro para aferir a temperatura do momento atual. O número subiu 7,7 pontos na passagem de junho para julho e chegou a 78,8 pontos, em uma escala de 0 a 200 pontos. Ainda assim, o índice continua abaixo do patamar de fevereiro, ou seja, de antes da pandemia da Covid-19.

Em suma, fazer previsões ainda está difícil, uma vez que a pandemia continua avançando e não se sabe ao certo quais são os planos de contenção. Ainda que a retomada da economia esteja acontecendo de forma gradual, alguns setores continuam altamente impactados pelos efeitos da disseminação do vírus.

Para Fernanda, a recuperação pode chegar mais tarde do que a maioria imagina. “Há diferenças importantes na realidade entre setores, mas acredito que o Banco Central está no caminho certo de estímulo à economia”, afirma.

Para 2021, a previsão de mercado é que a economia cresça 3,5%, com uma inflação prevista de 3% e uma Selic também nessa casa, de 3%.

Câmbio

A nova taxa básica de juros impacta menos o câmbio do que fatores como os cenários internacional e político. Pautado pelos riscos e oportunidades do mercado, o câmbio acaba oscilando pelas incertezas do momento atual.

Contudo a taxa básica menor empurra os investidores para o mercado de renda variável e alguns investidores estrangeiros acostumados com os bons ganhos em rendas fixas podem migrar seus aportes para países com menos riscos. Menos dólares no mercado podem fazer a moeda ter uma alta, ainda que não muito expressiva.

Para Fernanda, o valor médio esperado para os próximos três meses, até o fim de 2020, é de R$ 5,30 por dólar. “O agravamento da pandemia ou as notícias de produção em massa de vacinas podem ser decisivos para a composição da taxa de câmbio”, diz a economista.

A questão da política interna também é um fator importante para a valorização, ou não, do real. Em um cenário de expectativa por reformas, cada passo nesse processo deve ter uma resposta do mercado. “A sinalização de reformas pode trazer a taxa para perto dos R$ 5, mas tudo ainda é incerto”, finaliza Fernanda.

Justamente por conta das oscilações de mercado e da taxa de câmbio é importante proteger os negócios que dependem de moeda estrangeira. Por isso, o Ouribank, referência em câmbio, possui uma gama completa de soluções como hedge cambial, e de crédito, para operações internacionais, como ACE e Finimp."

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