Relatório Especial

Palmas à Goldin e como está o mercado de trabalho no Brasil

Começaremos o especial deste mês com uma informação mais do que especial, atenção!

A historiadora e economista norte-americana Claudia Goldin recebeu o Prêmio Nobel de economia no início deste mês, por seu trabalho sobre desigualdade salarial entre homens e mulheres. Um tema muito relevante e que vem ganhando força nos últimos anos justamente com pesquisas incansáveis de mulheres como Claudia. Goldin analisou 200 anos de participação das mulheres no mercado de trabalho, mostrando que, apesar do crescimento econômico contínuo, os ganhos das mulheres não se equipararam aos dos homens e a diferença ainda persiste, mesmo que as mulheres tenham alcançado níveis mais altos de educação do que os homens. Claudia Goldin foi a terceira mulher a ganhar o Nobel de economia. Palmas à Goldin!!

Para comemorar, vamos aproveitar parte do tema dessa grande conquista para analisar como anda o mercado de trabalho no Brasil atualmente. Para quem não se lembra, falamos sobre esse tema em meados de 2021 e a história não estava muito boa naquela época. Estávamos enfrentando ainda a crise da Covid-19 e nossa taxa de desemprego estava no auge. De lá pra cá, a fotografia mudou um pouco, está melhor, mas ainda há muito a melhorar. Para se ter ideia, a taxa de desemprego, que chegou ao patamar de 14,9% ao longo da pandemia, hoje está em 7,8%, de acordo com os dados da PNAD em sua última publicação referente ao trimestre encerrado em setembro.

Caso a população economicamente ativa continue aumentando em seu ritmo médio histórico(que é de 0,1 % ao mês), a taxa de desemprego poderá chegar a 7,0% ao final deste ano, ou seja, menor patamar desde 2015.

Parte dessa queda da taxa de desemprego (ou taxa de desocupação) pode ser creditada ao arrefecimento da taxa de participação no mercado de trabalho – que, embora evidencie uma leve retomada na margem (61,8%), ainda se encontra em patamar reduzido e não retornou ao nível médio histórico de antes da pandemia, que girava em torno de 63,5%).

Portanto a forte expansão da população ocupada pode ser lida como o principal fator que explica o recuo do desemprego no País. Entre janeiro e setembro, o número de ocupados na economia brasileira passou de 97 milhões para quase 100 milhões de trabalhadores, acelerando cerca de 2,0%. Na comparação com setembro do ano passado, no entanto, essa alta foi de 0,6%.

Além disso, é importante destacar que tal aumento da ocupação vem ocorrendo tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, já que a maior parcela desse crescimento aconteceu nos segmentos formais da nossa economia. De acordo com os dados do IBGE, a ocupação formal no mercado de trabalho cresceu 3,4%na comparação com o mesmo período que o ano passado, enquanto a população ocupada na informalidade recuou 1,4% na mesma base de comparação.

E, ao contrário do chororô que escrevemos em 2021, neste ano parece que só há alegrias para o trabalhador brasileiro (algum dia vamos detalhar mais sobre as condições do mercado de trabalho apenas da população feminina também, em homenagem à Claudia Goldin – será que vai ser igual, melhorou pior?). Pois bem, a queda na taxa de desemprego veio acompanhada de uma melhora na renda da população de forma geral. Veja você, caro leitor, se em2021 a renda média foi corroída pelo forte aumento da inflação intrapandêmica, neste ano o comportamento é exatamente o contrário. Atualmente, o rendimento médio real está rodando muito acima da inflação nos dados acumulados em 12 meses, veja o gráfico. Mais um motivo para comemorarmos.

Por fim, e não menos importante, nossa fotografia compara da com a de outros países também melhorou – pouco, mas melhorou. De acordo com a Country Economic, ainda estamos no bloco dos países que possuem um nível elevado de taxa de desemprego, mas ainda assim foi observada uma melhora muito mais expressiva em relação ao posicionamento que tínhamos há 2 anos do que ados demais países em questão (ver gráfico). Parece pouco, mas podemos dizer que estamos no caminho certo. Ainda mais se pensarmos que nossa economia tem se mostrado resiliente, com as projeções de PIB sendo revisadas constantemente para cima, e a expectativa de redução na taxa básica de juros – motivos mais do que suficientes para acreditamos que a tendência será de melhora para o mercado de trabalho brasileiro no médio prazo.

CONCLUSÃO

O leitor deve estar se perguntando, mas o que isso tem a ver com o câmbio. Muito! É verdade que alguns indicadores macroeconômicos, tal qual a taxa de desemprego, não têm um impacto direto sobre o comportamento da nossa moeda. Até porque esses indicadores mostram mais um retrovisor da nossa economia, por terem uma agenda de divulgação mais defasada. Contudo, à medida em que nossa economia melhora, a taxa de desemprego cede e as condições de trabalho se tornam mais sustentáveis para o longo prazo, isso se reflete em melhor avaliação do Brasil como um todo. Ou seja, com a economia crescendo, o desemprego caindo e a renda subindo, nossa imagem como país será outra, nosso risco-país será menor e consequentemente nossa taxa de câmbio pode se beneficiar de tudo isso. É um mundo de Poliana, diante de todos os recentes acontecimentos, sim. Mas não podemos deixar de acreditar que há perspectivas para um cenário mais ameno lá na frente! E, quem sabe, mais equalitário após esse grande estudo da nossa Prêmio Nobel, mas esse é assunto para outro especial!

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Mestre em relações internacionais (USFC), Doutor em direito internacional (USP) e pós-doutor em Direito do comércio internacional (Georgetown University), Barral foi secretário de Comércio Exterior do Brasil de 2007 a 2011. Atualmente é, também, diretor no Departamento de Comércio exterior da FIESP e conselheiro da Câmara de Comércio Americana.

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