PUBLICADO EM
28/9/2023
Faltando pouco menos de um mês para as eleições na Argentina, agendadas para 22 de outubro, três candidatos seguem próximos na preferência dos eleitores, segundo a pesquisa mais recente realizada pelo Centro Estratégico Latino americano de Geopolítica. O representante da ultradireita, Javier Milei, continua na dianteira com 33,2%das intenções de voto, enquanto Sergio Massa, o atual ministro da Economia, tem32,2%. Os dois estão tecnicamente empatados. Na terceira posição, aparece Patricia Bullrich, com 28,1%. Ao que tudo indica, o resultado pode mudar a qualquer momento e não há pistas definitivas que consigam garantir quem vencerá o embate.
Mas, afinal, como o resultado das eleições na Argentina pode impactar no Brasil? O país é nosso terceiro maior parceiro comercial, atrás de Estados Unidos e China. Essa relação pode ser comprometida pela questão política e o cenário mais incerto é o de vitória do candidato da extrema direita, que possui falas polêmicas.
Recentemente, quando perguntado a respeito da integração da Argentina ao Brics e sobre a relação que uma eventual gestão sua teria com o atual governo socialista espanhol, Javier Milei, respondeu com uma de suas frases conhecidas: “Os socialistas não são defensores da liberdade”. E se calou quando repórteres brasileiros insistiram para que ele respondesse se fazia referência ao Brasil ou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato à frente na disputa defende fechar o Banco Central do país, acabar com o peso e usar o dólar dos EUA como moeda local. Além disso, logo após as eleições primárias argentinas o apontarem como favorito, Milei disse que o Mercosul “deve ser eliminado” e que, se eleito, não permitirá que a Argentina seja incorporada ao Brics ampliado – o país acaba de ser convidado para o grupo formado por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul.
Para Welber Barral, estrategista de Comércio Exterior do Banco Ourinvest, não há como reclamar de monotonia quando se trata de negócios com a Argentina, que tem um cenário econômico particularmente desafiador, testado a todo momento pela agenda eleitoral. Esse mês, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou a reforma no Impuesto a las Ganancias (o Imposto de Renda do país), proposta pelo candidato em segundo lugar na corrida presidencial, que pretende que somente rendimentos acima de 1,7 milhão de pesos(cerca de R$ 23 mil, na cotação atual) sejam tributados.
Segundo economistas argentinos, caso o projeto seja aprovado no Senado e se converta em lei, a nova regra poderá causar um impacto fiscal de até 0,83% do Produto Interno Bruto (PIB) argentino, comprometendo ainda mais a economia do país vizinho. Atualmente, a inflação argentina está em 115,6% em 12 meses, com juros em 118% ao ano. A taxa de câmbio já desvalorizou o peso argentino em quase 40%, só em 2023.
Para Barral, antes mesmo do resultado das eleições, que deixam um clima de suspense no ar, os efeitos da instabilidade argentina já podem ser sentidos no Brasil. “No comércio exterior, as consequências têm sido a instabilidade, materializada em dois elementos: a dificuldade em obter licenças de importação e a oscilação dos meios de pagamento”, diz. Segundo ele, as exportações brasileiras para a Argentina têm sofrido redução como, por exemplo, a queda observada no último semestre, de 15%no volume de produtos da indústria de transformação, menos 34% nos equipamentos de engenharia e baixa de 54% nos polímeros de etileno.
Com uma economia fragilizada e disputa política incerta, o segundo turno pré-agendado para 19 de novembro é praticamente certo. O futuro, no entanto, ainda é uma incógnita e a verdade é que, independentemente do resultado eleitoral, os desafios argentinos formam uma lista grande -- e com certeza trarão impacto para o Brasil. Seja na relação institucional ou na redução, ainda que temporária, da movimentação comercial.
Barral, no entanto, é otimista. Ele diz que apesar das dificuldades atuais para o exportador brasileiro, o ideal é aguardar o novo ciclo político e torcer para que o desenvolvimento de indústrias locais(gás, lítio, agricultura) equilibre futuramente a balança de serviços. “Afinal, recorde-se que a Argentina é o principal importador de produtos industrializados do Brasil, e esse dado faz merecer a dedicação dos exportadores para se manterem em seu mercado”.
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Economista-chefe
Economia para todos é o lema da Fernanda. Com ampla experiência no mercado financeiro, conhecimento técnico apurado e linguagem simples, a autora contribui para a tomada de decisão de clientes e empresas que necessitem desse suporte.
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Economista
Economista formada pela USP, com mais de 15 anos de experiência nas área de Economia e Finanças, com foco em análise macroeconômica, resultando em amplo conhecimento do mercado bancário.
Veja maisWelber Barral
Estrategista de Comex
Mestre em relações internacionais (USFC), Doutor em direito internacional (USP) e pós-doutor em Direito do comércio internacional (Georgetown University), Barral foi secretário de Comércio Exterior do Brasil de 2007 a 2011. Atualmente é, também, diretor no Departamento de Comércio exterior da FIESP e conselheiro da Câmara de Comércio Americana.
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