PUBLICADO EM
8/4/2020
Enquanto o mundo sofre com a pandemia do novo coronavírus, o comércio exterior também sente os efeitos da queda no volume de exportações e importações. Afinal, como inovar nesse momento e buscar alternativas para superar o cenário difícil?
Com o estímulo ao isolamento para conter a propagação do vírus, o consumo já dá sinais de retração. Além disso, a oscilação do câmbio deixa a situação mais incerta na hora das transações internacionais. Por isso, o momento é de buscar alternativas para manter as empresas que dependem de insumos do exterior e as que têm suas receitas vinculadas à remessa de produtos.
É importante lembrar que esse é um problema global e que muitas companhias estão passando por uma fase delicada. Segundo o Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços , no primeiro trimestre de 2020 havia 15,2 mil empresas exportadoras e 25,7 mil importadoras registradas no sistema nacional. Ou seja, mais de 40 mil companhias brasileiras dependem diretamente de comércio exterior nas atividades do dia a dia.
Compreender o cenário é o primeiro passo para encontrar novas oportunidades. A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Quase 30% do que é produzido e exportado no Brasil vai para o país asiático, de acordo com dados do Ministério da Economia. Os números de importação também são relevantes: a nação asiática é responsável por 14% dos envios totais do nosso país.
Como a China foi o epicentro da Covid-19, é natural que a economia da região também esteja enfrentando dificuldades. Para se ter uma ideia, as diversas restrições impostas pelo governo do gigante asiático na tentativa de conter o surto derrubaram de uma média de 50 mil para 2 mil o total de containeres desembarcados diariamente no país no pico da pandemia.
Os problemas do outro lado do mundo já desembarcaram por aqui. Alguns setores da nossa economia são afetados mais rapidamente, como é o caso da indústria brasileira de eletroeletrônicos. De acordo com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), 70% das empresas do setor já lidam com problemas de abastecimento de componentes e insumos importados da China.
Segundo João Costa Pereira, head of Trade Finance do Banco Ourinvest, o momento requer paciência e capacidade de buscar novas oportunidades. “Há problemas de demanda e de oferta. Na frente das importações temos observado dificuldades para conseguir insumos e para obter financiamento”, explica. “Já nas exportações, o desafio é a queda na demanda e a garantia de recebimento”, diz.
Buscar outras fontes de matéria-prima é essencial nesse momento. É evidente que a China tem opções mais atrativas em muitas frentes, mas garantir o abastecimento é crucial. “Essa crise é global. Não são apenas os brasileiros que estão sentindo. Então, há muitos países abertos para negociar”, diz o executivo.
Para ele, a Europa concentra boas opções de vendas de insumos e pode ser um importante aliado para suprir a ausência dos produtos chineses, ainda que de forma temporária. “Diversificar os produtos também é uma opção. Olhar para o portfólio e entender as necessidades desse momento é interessante. É hora de pensar fora da caixa”, diz João. Setores como saúde e tecnologia estão em alta nesse momento.
A questão dos financiamentos de importação também é um desafio. O executivo ressalta que o custo do dinheiro no Brasil aumentou. “Uma das alternativas é tentar subsídio por meio do fornecedor, fora do país. Estreitar relações nesse momento é fundamental”, diz João. “Exportação e importação eram processos triviais e nesse momento não são mais”, avalia.
Para João, esse é um momento de procurar novos clientes e inovar na forma de trabalhar. “Os restaurantes tiveram que focar no delivery, as lojas nas vendas on-line. Todo mundo está precisando se reinventar. Os exportadores também terão que se desenvolver, trabalhar mais o mercado nacional, explorar vendas on-line”, afirma.
Ao procurar novos clientes e parceiros é importante verificar a questão do fechamento de fronteiras por conta da Covid-19. Ficar atento ao mapeamento ajuda a ter certeza de que a mercadoria não será extraviada ou chegará com muito atraso.
A preocupação do executivo também leva em conta a questão dos pagamentos. “O mercado antecipará solicitações de prorrogação de pagamentos. Podemos ajudar a entender os novos prazos, riscos e garantir as cobranças. Fazemos essa ponte entre o banco do importador no exterior e o devedor, ajudando o nosso cliente a monitorar riscos de cobrança e a vender com segurança”, diz João.
Segundo Marcelo Viana Curty, gerente comercial de Câmbio do Banco Ourinvest, a dica é reduzir ao mínimo as variáveis, começando pelo câmbio. “Realizar a trava de câmbio é essencial. É importante pensar em fazer as operações de hedge para garantir as margens”, diz o executivo.
O hedge cambial, um dos produtos oferecidos pelo Banco Ourinvest, é uma ferramenta criada para proteger as empresas das flutuações do câmbio, que fixa as cotações futuras e ajuda a reduzir o risco cambial de forma eficiente e segura, além de reduzir os custos operacionais.
Ele diz que um dos diferenciais do Banco Ourinvest é a personalização. “O banco tem parceiros em mais de 90 países e está avaliando caso a caso junto a eles no exterior. Isso gera possibilidades de condições de linhas de financiamento e soluções direcionadas para cada tipo de negócio”, afirma.
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Economista-chefe
Economia para todos é o lema da Fernanda. Com ampla experiência no mercado financeiro, conhecimento técnico apurado e linguagem simples, a autora contribui para a tomada de decisão de clientes e empresas que necessitem desse suporte.
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Economista
Economista formada pela USP, com mais de 15 anos de experiência nas área de Economia e Finanças, com foco em análise macroeconômica, resultando em amplo conhecimento do mercado bancário.
Veja maisWelber Barral
Estrategista de Comex
Mestre em relações internacionais (USFC), Doutor em direito internacional (USP) e pós-doutor em Direito do comércio internacional (Georgetown University), Barral foi secretário de Comércio Exterior do Brasil de 2007 a 2011. Atualmente é, também, diretor no Departamento de Comércio exterior da FIESP e conselheiro da Câmara de Comércio Americana.
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